01 janeiro 2009

Mudanças na língua portuguesa

Agora é fato. Já estão valendo as novas regras da língua portuguesa unificando a grafia de Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Macau (região administrativa especial da China que também fala o português), países que assinaram o acordo.E agora, José??? Até dezembro de 2012 será aceita qualquer grafia, mas como professora de português me vejo na obrigação de começar, e já, a ensinar o novo e a desencinar o que foi aprendido. Ou melhor, preciso antes de tudo aprender. Ainda não sei avaliar os benefícios que essa mudança trará para futuras gerações, mas no momento o que temos pela frente são alguns problemas. Biblioteca desatualizada, programas de computador, idem. E ralar para poder apreender uma nova realidade na grafia. Mas divergências à parte, o fato está consumado e por isso, a partir de agora, gradativamente estarei me adapitando á nova lei. Os leitores que me ajudem nessa, combinado? Postei já um manual com as mudanças. Leia aqui. Mas publico agora um resumo dos itens principais que mudarão.


As principais mudanças nas regras




O fim do trema: o acento será totalmente eliminado. A palavra 'freqüente' passa a ser escrita 'frequente'. A única exceção serão as palavras de origem estrangeira.



Inclusão de letras: as letras antes suprimidas do alfabeto português (k, y e w) voltam, mas só valem para manter a grafia de palavras estrangeiras.



Fim das letras mudas: Em Portugal, é comum a grafia de letras que não são pronunciadas como 'acção' para 'ação'. Elas sumirão. No caso das letras mudas pronunciadas na norma culta de um país, como 'facto', usado em Portugal no lugar de 'fato', consagra-se a dupla grafia.




Eliminação de acentos em ditongos: acaba o acento nos ditongos 'ei' e "oi' paroxítonos. Dessa maneira, 'assembléia' vira 'assembleia' e paranóico, paranoico.



Acento circunflexo: quando dois 'os' ou dois 'es' ficam juntos, o acento some. Logo, 'vôo' vira 'voo', lêem, leem.



Acento diferencial: o acento que diferenciava palavras homônimas de significados diferentes acaba, na grande maioria dos casos. Conseqüentemente, 'pára', do verbo parar, vai ficar apenas 'para', e as formas pêlo (substantivo), pélo (verbo pelar) e pelo (preposição) passam a ter a mesma grafia, pelo. São exceções os acentos que distinguem "pode" (presente do verbo poder) de "pôde" (pretérito perfeito do mesmo verbo) e por (preposição) de pôr (verbo). Passam a ser facultativos acentos diferenciais nos seguintes casos: dêmos (presente do subjuntivo, primeira pessoa do plural) e demos (pretérito perfeito, primeira pessoa do plural), forma e fôrma e nos verbos onde pode haver confusão entre o pretérito perfeito e o presente do indicativo, como amámos (pretérito perfeito) e amamos (presente).



Ter e vir: esses verbos e seus derivados continuam a ter acentuação diferenciada no plural e no singular: ela vem, elas vêm, ele contém, eles contêm.



Cai o acento do "i" e "u" tônicos dos hiatos em paroxítonas, quando precedidos por ditongo: feiúra passa a ser feiura. Caso a palavra seja oxítona, o acento se mantém, como em Piauí.



Proparoxítonas: continuam a ser todas acentuadas, mas passam ser admitida dupla grafia, como nos casos em que há divergência entre os países, como econômico (Brasil) e económico (Portugal). A dupla acentuação vale para todas as palavras onde há esse tipo de divergência, como matinê e matiné, Vênus e Vénus.



Verbos: passa a ser aceita dupla grafia em certas formas verbais onde há diferença entre a pronúncia culta e a popular. Assim, averíguo, por exemplo, passa a ser uma forma alternativa de averiguo.



Hifens: o acordo estipula novas regras - algumas de interpretação ainda controversa - para o uso do hífen, incluindo normas específicas para a hifenização de nomes de lugares e de espécies de animais e plantas. A maioria dos hifens em palavras compostas desaparece. Assim, pára-quedas vira paraquedas, co-autor vira coautor, contra-regra, contrarregra, anti-semita, antissemita. Mas circunavegação ganha um hífen e torna-se circum-navegação. Além disso, será mantido o hífen em palavras compostas cujo segundo componente começa com h, como pré-história. Nesse caso, a exceção são os prefixos des e in: desumano, inábil, inumano ficam como são. Em substantivos compostos onde a última letra da primeira palavra e a primeira letra da segunda palavra são as mesmas, será feita a introdução do hífen. Assim microondas vira micro-ondas. A exceção é co: cooperar, coordenar, por exemplo, continuam do mesmo jeito.
Fonte: O Estadão

10 comentários:

  1. Oi, Marli!
    Também estou tri preocupada com o acordo! Estou tentando me adequar às regras. Até agora só escrevi "ideia"! As mudanças são mínimas, mas devemos estar bem atentas... Acho que é importante debatermos nas aulas o aspecto político do acordo, e, principalmente, desmitificar a ideia de que a língua ficou mais difícil... Parece que os meios de comunicação insistem nisso...
    Abraços!

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  2. eu tbm tô meio confuso com estas mudanças. Não teriam que fazer uma propaganda bem antes das mudanças?
    Há 36 anos tbm tivemos mudanças na ortografia. Falando nisso, vou tentar escrever um texto com as novas regras ortográficas no meu blog. bjs e abraços

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  3. Marli!

    Voltei para falar nos artigos do professor Marco Bagno sobre o acordo ortográfico! Concordo quando ele diz que não é a língua que muda, o que há é apenas um acordo!
    A gente acessa esses textos no site www.marcosbagno.com.br - tem um link lá no Ufa!

    Beijos!

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  4. Oi, Marli!

    Só pra confirmar: o site do professor Marcos Bagno é esse mesmo! Vale a pena passar por lá... Ele faz uma reflexão muito legal sobre a língua portuguesa falada no Brasil, sobre o ensino dessa língua... e principalmente sobre o preconceito linguístico!

    Beijos!

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  5. Já vi Sueli e gostei muito, especialmente quando ele analisa as implicações políticas do acordo. Isso precisa ser melhor compreendido pelo povo. Beijo!

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  6. Oi,Marli:
    não tõ preocupada com a reforma , não.A gente vai ter tempo prá se acostumar.
    Ah, cadê o widgte para seguir seu blog? Obrigada por seguir o meu e obrigada pela força que destes hoje na lista.
    Bjs

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  7. Fátima, jáadicionei o widget. Quanto a lista, não agradeça.Fui a primeira a entrar no grupo e portanto já vi tudo. Temos de avançar nas discussões que fazem bem, nos ajudam a crescer, mas se o trabalho com os alunos não existir, de que adianta? por isso acho que o foco é a colaboração a quem faz a coisa acontecer lá na sala de aula. E não é nada fácil, a gente sabe. Beijo!

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  8. Oi, Marli!
    Concordo com a Fátima: não estou muito preocupada pq há tempo para se acostumar, mas que existem regrinhas (e exceções) muito chatinhas (hífen!!!), com certeza existem...
    Onde trabalho já tivemos palestras sobre o assunto com um professor da UERJ que está trabalhando com Evanildo Bechara.
    É isso! Beijinhos

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  9. Anônimo6:37 PM

    Olá, Marli
    Sou a Clarissa e trabalho na Edelman, agência de comunicação do site ComoTudoFunciona. A reforma ortográfica modifica 0,5% das palavras em língua portuguesa no Brasil. Também há quem discorde da unificação, mas quem apóia diz que o Português é uma das línguas mais faladas do mundo e a única que ainda não está unificada.
    Abraços

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  10. Anônimo10:25 AM

    Eu estou completamente perdido comessas mudanças :(

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