"Eu tinha de falar com Vivian que sua mamãe havia morrido e não sabia como, mas me imaginava dolorido diante de seu olhar de criança..." Um arrepio passou pelo meu corpo quando tirei o livro da estante da livraria da faculdade e li essa primeira frase de Pequenos Cadáveres, de Sérgio Caparelli, no ano de 1984, em Porto Alegre. Voltando para casa, no ônibus, não contive as lágrimas ao chegar à pag. 25: "Vívian está de pé na escada da cama e se inclina para beijar-te, Clarice, e é esquisito ver vocês duas ali, de um lado a pequena, cocar de índio num rosto pintado, porque hoje foi o dia do índio na escola, papai, eu mesma fiz um cocar com uma pena de galinha que tia Marli me deu, e do outro , Clarice, o rosto inchado, mas sorrindo, como foi o teu dia no colégio, Vívian, se tinha havido pátio, se tu comeste todo o lanche, Vívian em pouco tempo estaremos todos em casa, pois a mamãe vai sarar e tu , eu , o Dino e papai viajaremos por alguns dias..." Voltaram as lembranças do dia em que recebi, na escola infantil, a notícia de que a mãe de Lívia, minha aluna, havia morrido de hemofilia, após dar a luz ao filho Daniel. Chocada, pois eu não sabia de sua doença, busquei na mochila a caderneta de recados. Lá estava um recado escrito dias antes por Eva e que eu não havia lido:"Preciso conversar com você". Um sentimento de culpa me invadiu pela conversa que nunca houve entre eu e a mãe de Lívia. Foi uma história triste, que revivi um pouco dentro da ficção. Na época , estava iniciando a faculdade e também a carreira de professora, ainda inexperiente. Foi assim que conheci o Sérgio e a sua poesia, através de sua filha Lívia. Ganhei dele duas de suas excelentes obras : Boi da Cara Preta e Jibóia Gabriela. Sem dúvida nenhuma é uma referência literária , especialmente no gênero poesia infantil. Agora nas férias, jeretando daqui e dali, entrei no Portal do Professor e na sessão de links educacionais, eis que encontro o site do Sérgio com uma cara nova. Artigos, contos, poemas, muitos poemas, cultura chinesa ... Tudo voltado para o universo infantil. Vale a pena conferir aqui. Eu estou me deliciando!
24 janeiro 2009
6 comentários:
Obrigada pela visita e participação.Volte outra vez, estarei esperando! Esse espaço é para a sua participação respeitosa e aberta.
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oi, marli. em primeiro lugar parabéns pela maneira clara e gostosa como você escreve. sou sua fã desde que a conheci;segundo, eu já conhecia alguns poemas do sérgio cappareli e fiquei feliz em saber que é seu amigo!
ResponderExcluirvocê manda muito bem, marli!
super-beijo!
Texto totalmente envolvente, agradável e suave...a melhor das aulas! Parabéns! Tem dois selos de qualidade que recebi de um blog de Angola, pensei logo em compartilhar com alguns blogs. Em se tratando de qualidade, naturalmente não poderia deixar de fora a Blogosfera da Marli. Beijos!
ResponderExcluirOi, Marli!
ResponderExcluirMeu filho e eu amamos Sérgio Capparelli... Principalmente a poesia... e volta e meia vamos nos encantar, brincar, ler no site dele! Nosso livro preferido é uma antologia, que Sérgio generosamente autografou para o Tomás, em 2007, na Jornada de Literatura de Passo Fundo: "111 poemas para crianças" (de todas as idades!), nosso poema preferido é "De muito longe". A gente adora também os "poemas visuais".
Abraços!
Que maravilha deliciosa !!! Obrigada por compartilhar estas belezas. Bjs, Betty
ResponderExcluirOi, Marli! Sou bibliotecária e, ao ler este post me veio à lembrança o tempo que eu fazia "Hora do Conto" com as crianças de Nível B, 1ª e 2ª etapas em uma escola particular aqui em POA: trabalhei poesias do Caparelli e a partir de uma delas, fizemos pães com os pequenos ("O pão que o diabo amassou" d'Boi da Cara Preta"). Foi um sucesso! O gosto e o incentivo à leitura, os olhinhos brilhantes das crianças...
ResponderExcluirSaudades...
Parabéns pelo excelente blog e pelo prêmio/viagem!
Abraços
Kátia
Oi Kátia!
ResponderExcluirQue legal! As poesias dele são muito boas mesmo. E você me deu uma idéia genial!Acho o máximo essa poesia. É claro que trabalhando dessa forma as crianças só podem se apaixonar. Abraço!