Estou em Bento Gonçalves para a formação referente ao Projeto Lições do Rio Grande, que visa implantar um novo referencial curricular nas escolas estaduais, a partir de 2010. Sentada aqui no hall da Pousada Tasca, vejo a chuva cair e o frio começa a me gelar os pés, mesmo tendo "esquentado" com uma taça de vinho tinto. Bom encontar colegas de várias escolas, juntar nossas ideias, energia, dividir angústias que não são poucas e também dar umas risadas. O foco , porém é repensar a forma de dar aula, integrando mais as disciplinas e conteúdos, centralizando em três eixos todos os objetivos: ler, escrever e resolver problemas. Como primeira etapa, analisar o programa e aplicar experimentalmente aulas planejadas e distribuídas nos cadernos do professor e aluno. O material e a proposta são boas. O pior da história é ser tratado como novidade aquilo que já devia ser velho. Trabalhar o que faz sentido para o aluno, contextualizando, fragmentando menos o conhecimento, colocando o aluno como centro do processo deveria ser algo muito natural e lógico. Porém, mesmo sabendo que a realidade nem sempre é essa, sempre me espanto quando paro e vejo como isso ainda é utopia. Questões salariais e outras estruturais à parte, que dificultam a vida do professor por demais e precisam de solução urgente tanto quanto o currículo, não deveriam ser motivo para impedir um trabalho mais inovador. Mas às vezes o professor perde a motivação e resiste mesmo ao que é bom. Pena que a data escolhida para levantar essas discussões tenha sido infeliz. Final de ano, reta final, finalizando projetos em andamento, não favorece um bom começo. Mas espero que de tudo fique algo de bom , porque nossos alunos e nossa sociedade precisam de uma educação de qualidade independente do jeito que somos tratados como educadores. Nós somos imprescindíveis e fazemos a diferença para o melhor ou para o pior. Então que façamos o melhor e esperemos que haja consciência da parte de quem governa para nos amparar nessa missão difícil de educar. Penso que não há proposta nenhuma , nem governo nenhum que possa implantar mudanças, se elas não nascerem de dentro do professor, de sua postura ideológica, de seu testemunho de vida, de sua vontade e disposição de fazer seu aluno mais feliz enquanto propósito de vida.
Marli,
ResponderExcluirGostei bastante de sua boa reflexão e entendo o contexto que vive, mas olho com você através do hall da pousada que está e sinto o tal friozinho, mesmo esntando embaixo desse calor belemense, pelas vivências paranaenses e visetas ao Rio Grande, e quero aqui pensar no ponto positivo que você vê também naquele horizonte ali delineado, o 2010 vem dessa parada em meio a agitação do final do ano, mexendo com a boa imaginação, conversas preditoras prescrevem bons planejamentos, estamos imersos no processo, continuado, pois sabemos que somos imprescindíveis naqueles cotidianos de onde cruzam tantas realidades, algumas delas nos assombram como o uso da tecnologia para difamar estudantes, pior filmado e colocado na mídia por eles mesmos... Aí entramos nós com o uso pedagógico da tecnologia e desconstruindo posturas e rediscutindo ética pelos saberes que se disseminam.
Vamos lá caminhar como formiguinhas - em nosso processo de andaimagem - e aprendendo a dar saltos como pulgas, pelas qualidades educacionais.
A educação dá sua resposta e nós pensando para além do horizonte, com os pés nos chão.
Abraços que aquecem nessa manhã!
Maria do Rocio
Olá Maria do Rocio, minha querida!
ResponderExcluirQue bom receber tua visita! Compartilhamos dos mesmos sentimentos em relação à educação e sabemos os desafios especialmente nessa questão do uso da tecnologia. Disseste bem, enquanto educadores somos responsáveis por "desconstruir posturas" e apontar caminhos possíveis de construção de conhecimentos e humanização através dela. Mas como é difícil essa nossa tarefa! Muito mais difícil em relação a colegas que acham que temos é de afastar os alunos da tecnologia, por considerá-la vilã, inimiga da leitura e escrita, quando sabemos que é inevitável nossa orientação frente a algo que já faz parte do cotidiano social de forma irreversível. Mas vamos lá, cada um paga o preço das escolhas que faz e certamente ganha as recompensas merecidas na hora certa. É preciso a tal de paciência histórica. Beijos!
Marli, aqui no Rio de Janeiro a sua preocupação encontra reflexo. Realmente a má remuneração e a pouca valorização do professor é bem notável. Acredito que tenha haver com o pouco interesse dos administradores do setor público que elegemos. Não priorizam a educação como deveriam. Dão mais atenção a obras sem fim ou faraônicas que venham atender às suas necessidades pessoais. Infelizmente a educação é um reflexo da baixa moralidade que assola a nossa sociedade. Espero que com o passar do tempo e a luta dos eleitores em se esclarecer e cobrarem mais dos seus administradores venha a mudar tudo isso. Por hora me resta a lhe estimular a continuar sempre nesta luta pela melhoria do ensino.
ResponderExcluirOlá Bessa!
ResponderExcluirIsso é histórico. E parece ser uma bola de neve. Acho que a solução é cada um fazer o que lhe compete e fazer bem.Quando uma das partes tem que ceder demais, não dá certo. O que queremos e precisamos é de professores fazendo um trabalho de qualidade e o governo pagando bem.E parece que uma coisa é condição para a outra. Continuemos a luta!