07 setembro 2010

Brasil, amor eterno

Hoje é o aniver do nosso querido Brasil. Nada melhor que viver na terra em que nascemos, que nos acolhe, que abriga seus filhos de tantas raças e cores, de tantas culturas que se misturam e convivem em harmonia. Brasil,  um país - continente, que ainda precisa se libertar das desigualdades sociais, economicamente falando, das drogas, da falta des consciência ambiental,  da violência, da corrupção na política. Como educadora, tento fazer a minha parte na superação desses problemas  que ainda nos aprisionam. Mas hoje quero lembrar do lado bom de ser brasileira, de ter uma história para contar com orgulho, de ser descendente de imigrantes italianos que  aqui chegaram  e encontraram terreno fértil  para construir uma nova vida sem deixar para trás os valores e costumes que trouxeram na bagagem.  Nada melhor que homenagear o Brasil com as palavras do nosso poeta do amor.

BRASIL

Pátria Minha

Vinícius de Moraes

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.


Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!


Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento.
Eu fio invisível no espaço de todo o adeus
Eu, o sem Deus!


Tenho-te, no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
E sem pé-direito.


Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi Alfa e Beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...


Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...
Não tardo!


Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.


Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:
"Liberta que serás também"
E repito!


Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormercer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.


Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.


Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama...

2 comentários:

  1. Olá Marli!
    Também bato palmas para você, adorei a postagem, ainda mais ao saber que nossas origens talvez tenham se encontrado em terras italianas ou no "vapor", para cá vieram porque por lá havia problemas políticos sérios em fins de 1800, não é mesmo? Foram considerados herois por enfrentarem uma terra desconhecida e os grandes mares. Este país nos acolheu maravilhosamente bem, plantaram e por aqui nós germinamos. Muito boa lembrança ainda mais fechando com Vinícius "choro de saudades de minha pátria", a nossa, a do cruzeiro do sul, sempre maravilhosa! Fiz uma postagem também, boa sintonia!

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita e participação.Volte outra vez, estarei esperando! Esse espaço é para a sua participação respeitosa e aberta.
Para publicar o comentário, escolha uma identidade (ID) entre as opções que aparecem. Caso tenha conta no google(gmail), escolha a primeira opção ou então escolha ;Nome/ URL;, basta preencher o nome, caso não possua nenhum endereço de blog próprio(URL)