30 setembro 2023

JANELAS

OLHANDO O TEMPO PASSAR 

2º Lugar - 𝗜𝗩 𝗖𝗼𝗻𝗰𝘂𝗿𝘀𝗼 𝗙𝗼𝘁𝗼𝗴𝗿á𝗳𝗶𝗰𝗼 𝗱𝗲 𝗡𝗼𝘃𝗮 𝗕𝗮𝘀𝘀𝗮𝗻𝗼 .
 Esta foto, de minha autoria, tem memória afetiva, tem história, tem emoção. É um olhar com os olhos de ver e com olhos do sentir. Feita no porão da casa onde nasci e vivi a infância e adolescência.



JANELAS

Leonir Razador
    Os olhos são as janelas da alma e as janelas são os olhos da casa.
Janelas não faltavam nas casas da imigração, geralmente duas para cada quarto, a fim de ver todo o entorno da casa.
    Janela, local da espera: espera de um filho que volte, talvez de uma guerra, de uma viagem; do nono olhar para o horizonte, sempre a mesma paisagem, porém sempre via coisas novas e passava o tempo na espera que o dia terminasse, acompanhando a lenta descida do sol, espera que voltassem os de casa de mais um dia de trabalho, olhar ansioso na espera de um filho distante que não via havia tanto tempo e que poderia surgir na curva do caminho.
    Janelas, olhares de preocupação para o céu a fim de analisar-lhe as nuvens em período de seca; olhar para nuvens bravias que se formavam e ameaçavam um ano de trabalho na plantação.
    Janelas que se fechavam para deixar de fora o frio do inverno, ou no rito silencioso e respeitoso ante a passagem fúnebre de um amigo que partia.
    Janelas de um aceno amigo a quem se via passar, de um adeus a quem partia, acompanhando-lhe os passos até sumir na curva do caminho.
Janelas de espiar a vida e até a vida alheia, de espreitar o mundo.
    Da janela da casa partia a última recomendação, talvez esquecida no momento oportuno, do pai, da mãe, do nono ou da nona para quem já estava a caminho.
    Janelas abertas para arejar a casa, deixar o sol entrar, não porém para espiar quem estivesse dentro dela. O olhar pela janela é um olhar de dentro para fora; nunca de fora para dentro. É um local de chamada de socorro, de um aviso.
    O mundo não seria o mesmo, o céu não teria o azul infinito, não haveria entardeceres de outono sem as janelas. Quantos só têm a janela para ver o mundo, pois limitados pela falta de movimentos as transformam em olhos, em horas silenciosas.
    Fecho os olhos e vejo tantos nonos olhares parados, apoiados à janela, olhando fixamente o mundo, em tantas e longas esperas.
    Vejo cenários de casas com tantas janelas. Havia a necessidade dos cuidados, de descobrir o desconhecido, de ver alguém chegando, observar as transformações lentas, por isso tantos olhos.
    Só Deus observa de fora para dentro.


 

Um comentário:

  1. Window, spot of delaying: trusting that a child will return, maybe from a conflict, from an excursion; of the 10th glance at the skyline, consistently a similar scene, yet I generally saw new things and invested energy trusting that the day will end, following the sluggish drop of the sun, hanging tight for the sun to return.home from one more day of work, restlessly anticipating a far off child who I hadn't seen in so lengthy and who could show up around the corner in the street.

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