14 junho 2015

Sobre minhas impressões e memórias do VI EDUCOM e III EDUCOMSUL

Alguns amigos que  encontrei, reeencontrei ou desvirtualizei, pela ordem, Marta, colega do NTE de Bento Gonçalves; Cledenir, do NTE Uruguaiana; Ismar de Oliveira Soares, da USP, o grande ícone da Educomunicação; Cléber Machado, jornalista e professor de Maringá; Fernanda Duarte, jornalista educomunicadora de Brasília, Leila Silveira, do NTE Carazinho; Claudemir Viana, da USP, um dos organizadores do evento .
             
             Nos dias 10, 11 e 12  ocorreu o VI Encontro Brasileiro de Educomunicação e III EducomSul , na PUCRS , em Porto Alegre. Eu participei, como integrante do NTE da 16ª CRE, de Bento Gonçalves. Foi um evento com excelentes apresentações e participações versando sobre o tema dessa edição: Diversidade e Educomunicação, tecendo saberes e integrando práticas
Seria necessário mais tempo para compartilhar os muitos saberes  e emoções desses 3 dias, mas deixo registrado o que mais me marcou.  
            Encontrar, conhecer pessoas novas que vem agregar coisas boas à nossa vida , reeencontrar outras com que temos afinidades e reforçar laços, desvirtualizar aquelas que já faziam parte de nosso universo via mundo virtual, mas que carecia daquele abraço e olho no olho, tudo isso pude vivenciar nesses dias e recarregar minha alma de uma energia necessária para seguir a luta de educar de forma inovadora que os tempos atuais exigem. É por isso que tiramos fotos, colocamos nas redes sociais, fazemos questão de mostrar o lado bom dessa rede que pode unir em prol de uma boa causa. 
Sobre os temas abordados e práticas compartilhadas, foi tanta riqueza que senti pena de não poder estar em todos os espaços. Por várias vezes me emocionei e talvez a causa maior disso acontecer é percerber que não estou sozinha naquilo que penso, naquilo que busco, naquilo que é possível realizar com amor e afeto. 
              Educomunicação, como eu a entendo a partir do que sabia e do que vi por lá,  são ações que permitem aos membros das comunidades educativas desenvolverem habilidades de comunicação, através dos meios midiáticos, de forma democrática, protagonista  e autoral, para se sentirem representadas no meio em que vivem, empoderadas, incluídas. Nas palavras do precurssor da Educomunicação no Brasil, Ismar de Oliveira Soares, "Educomunicação serve para fazer as pessoas, cujos direitos o sistema infringe, serem felizes". Dentre essas, estão quase sempre as pessoas de raça negra, indígena ou com outra opção sexual, ignorados  pela grande mídia ou  aparecendo  como sulbalternos, baderneiros ou estereotipados, assunto debatido na Mesa Redonda Diversidade de Gênero e Etnias. Para o professor Ismar, "a educação formal não dá espaço para a pessoa se construir/reconstruir, se autoreconhecerem, por sua vez, a Educomunicação tem transformado a vida das crianças e jovens oprimidos."
             Segundo o cineasta  Joel Zitto Araújo , a TV brasileira trabalha pelo "branqueamento" do Brasil, haja visto que poucas foram as personagens negras atuando como protagonistas em novelas, só pra citar um exemplo e deixou no final de sua fala um questionamento: Como descolonizar nossas mentes?
               A liberdade de expressão é um direito humano, o ato de comunicar é político. Dar voz aos alunos, promover o protagonismo juvenil pode mudar vidas, como vimos em diversos depoimentos que emocionaram a todos. O processo de comunicação tem trazido mudanças nas políticas públicas. Basta ver o fenômeno das redes sociais e seu alto poder de dessiminação de ideias.
O uso das tecnologias no viés da educomunicação surge como um contraponto à grande mídia, que não dá espaço à diversidade.
                Dar voz aos alunos , só para citar alguns exemplos , pode ser através da rádio e jornal escolar, de  um blog, de redes sociais, de produções audiovisuais que representem o meio em que vivem. Dar voz aos alunos é abrir espaço para produções autoriais e autonomas. Segundo o professor Ismar, a autonomia, não no sentido de independência e marketing, mas no sentido de participação como sujeito social,  gera o protagonismo que  proporciona a solidariedade e a participação comunitária, conjunta.
                  Diversas pesquisas mostradas durante o evento revelam a maioria esmagadora de jovens que possuem celulares (smartphones)  mesmo nas comunidades mais pobres. O jornalista educomunicador Romolo Tondo, em sua pesquisa compara o celular ao cordão umbilical e revela as relações afetivas que estão relacionadas a ele , pois vem carregado de contatos, músicas, imagens. É preciso que os educadores levem isso em conta e utilizem o  potencial das ferramentas. Nesse mesmo relato,  foi realizada uma experiência com o celular fazendo o registro fotográfico da comunidade dos alunos. usando a câmera como uma "extensão do olhar".
                 É preciso que olhemos para as tecnologias como estratégias para envolver os alunos e dar a eles oportunidade de mostrar seus talentos, muitas vezes escondidos, para desfazer medos e revoltas, mostrando que é possivel, através das diversas formas de expressão, revelar os valores que cada um tem. Torna-se imprescindível realizar uma segunda alfabetização para tudo isso poder acontecer. Trata-se da  Leitura Crítica das Mídias.
               Da Mesa Redonda Educomunicação, Educação Integral e Políticas Públicas  destaco algumas falas.  A professora Jaqueline  Moll , da UFRGS, disse que "O exemplo do Mais Educação e a Educomunicação nos mostram que é possível transformar as práticas escolares. As práticas educomunicativas na escola integral ajudam na construção que tira os alunos da invisibilidade. É preciso reiventar o currículo; criar tempos, espaços e oportunidades educativas. Não é possível que a gente olhe para nossos estudantes e enxergue apenas futuros operários, eles podem ser poetas, artistas, empresários, a escola precisa ampliar o leque de oportunidades a oferecer"
             Lúcia Alvarez, da UFMG, lembrou que  "O desafio é romper com uma cultura escolar baseada no isolamento, fragmentação e passividade de seus sujeitos. A educação integral precisa promover a apropriação dos espaços e sua identidade, transformando os lugares,criando sentido de pertencimento. A cidade não pode ser vista apenas como espaço de violência, mas de encontro, troca, um território educativo"
               A Profa. Leila Schaan, do setor pedagógico da Secretaria de Educação do Estado do RS, falou  sobre práticas e projetos de institucionalização da educomunicação nas escolas do RS. A Seduc/RS lançará até o fim do ano o Portal do Educom Tchê, no intuito de oferecer formação aos professores. Isso de fato me agradou muito e espero que se concretize. Está na hora de "integrar" as tecnologias às práticas como estratégias de aprendizagem e comunicação, passou da hora de remodelar o currículo, tornando-o mais vivo

              Por tudo isso podemos perceber que o uso das tecnologias deve estar amparado por um projeto que vai além  perpetuação de velhas de práticas disfarçadas de modernidade.  As tecnologias estão aí para servirem de canal de expressão dos sujeitos, como um  direito de terem espaço e valorização, de poderem ser vistos pelo que melhor sabem fazer e contribuir na construção da sociedade plural e solidária.

Fiz um pouco da cobertura da forma possível, pelo meu twiter https://twitter.com/marlifiorentin e pelo facebook  https://www.facebook.com/marli.fiorentin usando a hastag do evento #6educom3sul

URLs do evento ou ligadas à Educomunicação:
Página no Facebook
Blog do evento
Site da ABPEducom
Viração
Guia Juventude e Comunicação
Portal do Jornal Escolar

Momentos da Mesas Redondas, com excelentes  reflexóes. 


Participação dos jovens educomunicadores.

Uma das salas de relatos de experiência do EDUCOM, essa sobre documentários e rádio escolar.  

Eu, com colegas da 16ª CRE, com representação dos vários setores da mesma.

Você que esteve lá ou não, quer contribuir agregando ideias a esse post? Fique à vontade!

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